No texto de abertura,
Hilton Japiassu nos fala da compartimentalização dos saberes e da importância
do trabalho integrado. De que modo vocês relacionam estas questões com a
“Fragmentação dos processos de produção (Taylorismo & Fordismo) e da
cultura escolar” e “As novas necessidades das economias de produção flexível” expostas
por Santomé?
Na era do Fordismo e no
Taylorismo a cultura escolar baseava-se no propósitos de formar cidadãos não
pensantes, mas operantes. Uma mecanização homogeneizadora, como enfatiza
Santomé.
“Com uma estratégia similar
acentua-se a divisão social e técnica do trabalho; só umas poucas pessoas,
muito especializadas, chegam a compreender claramente todos os passos da
produção de qualquer mercadoria, e o que a motiva. Por meio de uma sofisticação
cada vez maior da tecnologia, por outro lado, as máquinas puderam começar a
encarregar-se dos trabalhos mais especializados. Os operários e operárias
geralmente tinham que atender apenas às atividades menos complexas, mais
rotineiras e monótonas.”
“As
conseqüências desta desapropriação de conhecimentos e destrezas dos
trabalhadores por máquinas e robôs representam um atentado contra os seus
direitos à participação dos processos de tomada de decisões, impedindo a
democratização dos processos de produção; ao mesmo tempo, a imensa maioria das
vagas de trabalho pode ser ocupada facilmente por qualquer pessoa, sem
necessidade de uma formação especializada.”
Nesta época não era importante educar os alunos
para compreenderem o que estavam fazendo, mas sim que fossem alunos que ao
acabar a época escolar estivessem aptos ao trabalho automático e inconsciente.
Não era necessário ser nenhum gênio ou ter boa formação para trabalhar nas
fábricas ou nas indústrias, então formar pessoas capazes de apertarem botões, acatarem
ordens, serem submissos, não reclamarem era a opção mais certa a fazer. Para
tanto eram usadas nas escolas, o ensino fragmentado, desconectando o aluno do
geral e fragmentando seu conhecimento, para que o mesmo não pudesse relacionar
ou entender certos propósitos intrinsecamente ligados a sua formação.
Com o passar das épocas e após vários tipos de
intervenções no mercado de produção e consumo, onde as falhas não poderiam mais
ser toleradas o tempo teria que ser
diminuído e a produção aumentada foram desenvolvidos estratégias para garantir a eficiência. Então se passa a procurar mão
de obra com um nível maior de especialização, e para o sujeito ser especializado
é necessário que seu escolarização seja diferente do ensino bancário. Passa-se a valorizar as especificidades dos
indivíduos, onde os sujeitos tenham uma formação continuada para poderem pensar
como resolver os problemas que surgirão nas atividades a que se propõem.
Mesmo que a Educação seja voltada hoje com a primazia de formar indivíduos educados para transcenderem as
formas de pensamentos antiquados/obsoletos/ultrapassados da manutenção de mão de obra barata, que sejam capacitados a
serem mais autônomos, ainda hoje são
colocados no mercado de trabalho uma grande gama de pessoas sem condições de
opinarem, escolherem, discutirem, indagarem, protestarem, julgarem e
reivindicarem seus diretos e ainda submissos e que querem a todo custo manter
seu emprego. Atualmente um grande números, maioria de pessoas habilitadas a
trabalharem, estão em subempregos ou empregos informais ou ainda mecânicos.
Isto se deve ao fato da escola, mesmo com toda a evolução, globalização e
desengavetamento das disciplinas, ainda praticarem um ensino voltado a produção
capitalista e preservação/manutenção do enriquecimento de uma minoria? São as
leis e decretos, atuais, que regem a Educação, burlados no meio do caminho para
garantir que o processo de manutenção de mão de obra continue não pensante? A
humanidade caminha a passos largos na evolução humana, mas o consumismo
desenfreado e a ambição fazem suas
vítimas diariamente.
Referências:
SANTOMÉ, Jurjo Torres - GLOBALIZAÇÃO E INTERDISCIPLINARIDADE
O Currículo Integrado – Artemed, 1998.
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