quarta-feira, 18 de abril de 2018


No texto de abertura, Hilton Japiassu nos fala da compartimentalização dos saberes e da importância do trabalho integrado. De que modo vocês relacionam estas questões com a “Fragmentação dos processos de produção (Taylorismo & Fordismo) e da cultura escolar” e “As novas necessidades das economias de produção flexível” expostas por Santomé?
Na  era do Fordismo e no Taylorismo a cultura escolar baseava-se no propósitos de formar cidadãos não pensantes, mas operantes. Uma mecanização homogeneizadora, como enfatiza Santomé.
Com uma estratégia similar acentua-se a divisão social e técnica do trabalho; só umas poucas pessoas, muito especializadas, chegam a compreender claramente todos os passos da produção de qualquer mercadoria, e o que a motiva. Por meio de uma sofisticação cada vez maior da tecnologia, por outro lado, as máquinas puderam começar a encarregar-se dos trabalhos mais especializados. Os operários e operárias geralmente tinham que atender apenas às atividades menos complexas, mais rotineiras e monótonas.”
“As conseqüências desta desapropriação de conhecimentos e destrezas dos trabalhadores por máquinas e robôs representam um atentado contra os seus direitos à participação dos processos de tomada de decisões, impedindo a democratização dos processos de produção; ao mesmo tempo, a imensa maioria das vagas de trabalho pode ser ocupada facilmente por qualquer pessoa, sem necessidade de uma formação especializada.”
Nesta época não era importante educar os alunos para compreenderem o que estavam fazendo, mas sim que fossem alunos que ao acabar a época escolar estivessem aptos ao trabalho automático e inconsciente. Não era necessário ser nenhum gênio ou ter boa formação para trabalhar nas fábricas ou nas indústrias, então formar pessoas capazes de apertarem botões, acatarem ordens, serem submissos, não reclamarem era a opção mais certa a fazer. Para tanto eram usadas nas escolas, o ensino fragmentado, desconectando o aluno do geral e fragmentando seu conhecimento, para que o mesmo não pudesse relacionar ou entender certos propósitos intrinsecamente ligados a sua formação.
Com o passar das épocas e após vários tipos de intervenções no mercado de produção e consumo, onde as falhas não poderiam mais ser toleradas  o tempo teria que ser diminuído e a produção aumentada foram desenvolvidos  estratégias para garantir  a eficiência. Então se passa a procurar mão de obra com um nível maior de especialização, e para o sujeito ser especializado é necessário que seu escolarização seja diferente do ensino bancário.  Passa-se a valorizar as especificidades dos indivíduos, onde os sujeitos tenham uma formação continuada para poderem pensar como resolver os problemas que surgirão nas atividades a que se propõem. 
Mesmo que a Educação seja voltada hoje com a primazia de formar  indivíduos educados para transcenderem as formas de pensamentos antiquados/obsoletos/ultrapassados da manutenção de  mão de obra barata, que sejam capacitados a serem mais autônomos,  ainda hoje são colocados no mercado de trabalho uma grande gama de pessoas sem condições de opinarem, escolherem, discutirem, indagarem, protestarem, julgarem e reivindicarem seus diretos e ainda submissos e que querem a todo custo manter seu emprego. Atualmente um grande números, maioria de pessoas habilitadas a trabalharem, estão em subempregos ou empregos informais ou ainda mecânicos. Isto se deve ao fato da escola, mesmo com toda a evolução, globalização e desengavetamento das disciplinas, ainda  praticarem um ensino voltado a produção capitalista e preservação/manutenção do enriquecimento de uma minoria? São as leis e decretos, atuais, que regem a Educação, burlados no meio do caminho para garantir que o processo de manutenção de mão de obra continue não pensante? A humanidade caminha a passos largos na evolução humana, mas o consumismo desenfreado e a ambição fazem  suas vítimas diariamente.

Referências:
SANTOMÉ, Jurjo Torres - GLOBALIZAÇÃO E INTERDISCIPLINARIDADE O Currículo Integrado – Artemed, 1998.

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