quinta-feira, 3 de maio de 2018

EJA - Fórum Unidade 2.

    
O conceito que mais considero relevante para a prática pedagógica na EJA é da necessidade que o aluno construa seu conhecimento através da interação entre os sujeitos que frequentam a EJA. Que sejam exaltadas as experiências de cada indivíduo ou as do conjunto de indivíduos, se for o caso. Que o currículo seja baseado e voltado para o meio em que vivem, em suas realidades e necessidades, como descrevem Vargas e Gomes ao citar o relato de Antônio (pg 458, 2013) que fala da sua necessidade em aprender, que diz: [...] preciso aprender mais... ter mais conhecimento... facilitar mais o meu setor do trabalho, conhecer mais, desenvolver mais o meu trabalho; a gente tem mais é que correr atrás... Por exemplo, desenvolvimento no trabalho, quer dizer, não perder a oportunidade no trabalho.
Os alunos jovens e adultos da EJA são sujeitos que perderam ou não tiveram a oportunidade de ingressar ou concluir seus estudos, por vários motivos alguns alheios as suas vontades, como: trabalhar para ajudar financeiramente a família, gravidez indesejada, vício em drogas, dificuldades de deslocamento e mobilidade até a escola, conflitos familiares...
       São alunos jovens mais ou menos a partir dos dezesseis anos que estão atrasados nas séries, que tem dificuldades de aprendizado, que se encontram com algum dos problemas citados no parágrafo a cima, e adultos que não conseguiram concluir seus estudos ou são analfabetos que procuram ascensão profissional, social ou pela necessidade de interação ou entendimento do meio em que vivem.
       A linguagem destes sujeitos normalmente é a linguagem do meio em que vivem, com pronúncias erradas pela ignorância gerada pela falta de frequentarem a escola. Alguns conseguem ler algumas palavras, por terem parado de estudar em alguma série, mas o entendimento e o pensamento sobre determinado objeto podem ou são comprometidos. Em contra partida suas experiências de vida servem muitas vezes como base para resolução de problemas do cotidiano.

Na EJA, os jovens e adultos pouco ou não escolarizados – oriundos, portanto, de uma cultura não escolar –, ao ingressarem na escola, terão que se inserir e interagir com os modos de funcionamento particulares da instituição. Entretanto, o aprendizado desses sujeitos inicia-se muito antes de frequentarem a escola, uma vez que eles aprendem a lidar com as situações, as necessidades e as exigências cotidianas da sociedade contemporânea. Portanto, quando começam a estudar, já tiveram experiência com medidas, cálculos matemáticos, materiais impressos, língua materna falada, ferramentas de trabalho e equipamentos elétricos e/ou eletrônicos. (Vargas, Gomes- p.453, 2013).
         As dificuldades dentro de sala de aula são de entendimento dos conteúdos do currículo que não são baseados em sua realidade ou sobre o seu meio. A relação entre sujeitos de diversas faixas de idade e de culturas. No cotidiano de suas vidas as dificuldades se apresentam no desnivelamento e exclusão social, falta de tempo para os estudos com por exemplo várias horas de trabalho, falta de mobilidade, dificuldades financeiras, ...
       O fato de os alunos pertencerem a diferentes grupos culturais (relações de classe, econômicas, etárias, étnicas, religiosas etc... pode provocar diferenças no funcionamento cognitivo? Sim.  Por quê?

 ... Conforme explicita Tulviste (1991), pessoas diferentes, membros do mesmo grupo cultural ou não, pensarão sobre partes idênticas do ambiente de formas diversas; e a mesma pessoa pode pensar de maneiras diferentes, usando diferentes métodos, estratégias e instrumentos conforme a atividade em que esteja envolvida. (Oliveira, 1997, p. 58)

A diversidade é algo incontestável dentro de uma escola, e dentro da EJA não é diferente, pois além da diversidade cultural ainda há variedade de idades. Trazendo assim, para este ambiente uma multiplicidade de conceitos das experiências de situações vividas pelos integrantes da EJA que podem ser compartilhadas ou contestadas pelos particiantes da mesma.
Os elementos fundamentais para que o trabalho da EJA seja bem sucedido são as relações que se desenvolvem dentro de um ambiente de ensino e entre os sujeitos que dela fazem uso, incluindo os professores, conforme Vargas e Gomes (p.453, 2013).  Esse aprendizado ocorrera nas interações com outras pessoas, por meio de perguntas, respostas, instruções, informações e imitação, possibilitando que eles desenvolvessem um repertorio de atividades/capacidades que lhes permitiu ocupar seus espaços dentro de seus grupos sociais.

Referências:

- VARGAS, Patrícia Guimarães -  GOMES, Maria de Fátima Cardoso - Aprendizagem e desenvolvimento de jovens e adultos: novas práticas sociais, novos sentidos - Educ. Pesqui., São Paulo, v. 39, n. 2, p. 449-463, abr./jun. 2013.

Um comentário:

  1. Olá colega Denise, como vai?

    Parabéns, você traz elementos significativos sobre a EJA contribuindo para a compreensão de questões que tratam desta modalidade de ensino. Abraço, colega Nádila.

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