Para
o professor, na atualidade, o tempo de sala de aula deixa de ser aquele tempo
de cumprir com as obrigações, de realizar atividades que se destinam a
preencher a carga horária? Sim ou não por que?
R: Não,
porque por mais que tentemos, as obrigações e cobranças são constantes. O setor
pedagógico das escolas não deixa que esqueçamos dos períodos e dos conteúdos a
cumprir. “Dar conta do conteúdo” é parte obrigatória do nosso tempo. Estamos
sempre correndo atrás do tempo, que parece nunca ser o suficiente. Ainda, como
professores lidamos com outras relações de tempo e espaço na escola, como com
os alunos que são observados por não atenderem as exigências da sala de aula,
como aprender homogeneamente com o grupo, por não cumprir suas tarefas ao mesmo
tempo que os demais, e até mesmo tomar ou comer seu lanche em tempo diferente
ao da turma. Sempre pensamos “estamos atrasados novamente”. Como professores
temos uma ansiedade de que os alunos aprendam ao mesmo tempo, tudo. Ainda há as
rotinas da escola, a qual não conseguimos escapar e que faz parte do bom
andamento da escola, como o tempo certo para ir ao recreio, para usar a
pracinha, o laboratório de informática, a biblioteca, o banheiro, e até tomar
água. Somos controladores do tempo. Enquanto a aluno está em sala de aula, seus
passos são rigidamente cronometrados. Temos, também, como professores, muita
dificuldade de aliar a quantidade de tempo com a qualidade do mesmo. Perdemos
muitos minutos do nosso dia educando, no sentido literal de dar limites,
ensinar a se portar em sala de aula, respeitar o próximo, legado da família
delegado nesta época ao professor, que não consegue, por estes motivos, ser um
mediador de maneira plena. Quantas vezes nos deparamos com um projeto ou plano
de aula, ao qual demandamos várias horas de aplicação (tempo de novo),
normalmente em casa, que não conseguimos aplicar por que dois alunos brigaram
em sala de aula, por que a mãe veio reclamar que o celular do filho foi roubado
na escola, e várias outras situações, que ocorrem em sala de aula, que fogem ao
controle do professor, por que os alunos chegam as escolas cada vez mais sem a
educação básica esperada de casa.
Dificilmente os alunos, professores
e direção, dentro de uma escola conseguem conciliar o tempo. Os alunos não têm tempo para brincar e criar,
o lúdico fica muito prejudicado pois os professores estão tolhidos pelos
currículos. As direções se esforçam, mas estão sempre usando o seu tempo para
conseguir verbas, resolver problemas e lidar com processos burocráticos
infinitos. As rotinas nas escolas, não podemos negar, são necessárias, rotinas
alicerçadas pelo tempo, mas, também muito frustrantes e cansativas.
A humanidade é movida pelo tempo, e nele
deposita suas esperanças.
Quem
teve a idéia de cortar o tempo em fatias, a que se deu o nome de ano, foi um
indivíduo genial. Industrializou a esperança, fazendo-a funcionar no limite da
exaustão. Doze meses dão para qualquer ser humano se cansar e entregar os
pontos. Aí entra o milagre da renovação e tudo começa outra vez, com outro
número e outra vontade de acreditar que daqui pra diante vai ser diferente.
(Cortar o tempo – DRUMMOND)
Denise esse poema do tempo é bárbaro! Se alguma colega professora quisesse saber de onde tirastes, seria interessante que tu tivesse colocado a referência. Pode ser? Faça esse registro para nós. Realmente a reflexão merece destaque. O tempo é relativo, o tempo tem um valor para cada um: quer sejam alunos ou professores. Precisamos ficar atentos para isso também. Infelizmente a prática na escola é como narras, com tempo até para tomar água. Como se fossemos ainda fábricas precisamos respeitar o tempo e o espaço para organizar a estrutura. Será que não dá para agir diferente? Fica a questão. Segue escrevendo que estou por aqui te acompanhando. Abraço, Betynha ;0)
ResponderExcluir