DENISE EGÍDIO DOS SANTOS
GHIORZI
ROSANGELA LA REGINA
LIESENFELD
SEMINÁRIO INTEGRADO IV
MAL ESTAR
DOCENTE
MAL-ESTAR
substantivo masculino
1. 1.
sensação desagradável de perturbação
do organismo; indisposição que não chega a configurar doença; incômodo,
indisposição.
2. 2.
estado de inquietação, de aflição mal
definida; ansiedade, insatisfação.
"m. social"
É
com consternação que escrevemos este texto. Antes de analisarmos o MAL ESTAR
DOCENTE, pesquisamos o que seria “mal estar”
(vide acima). Nós fazemos parte do grupo que se encaixa em 2.2 onde diz: estado
de inquietação, de aflição mal definida; ansiedade, insatisfação”. Estamos nos
sentindo inseguras da escolha de sermos docentes, realmente incomodadas com a
atual situação do professor, das escolas, dos alunos e o descaso do governo.
Nos
defrontamos diariamente com o desestímulo, muitas vezes deixando de lado nossos
projetos e ambições, sejam elas da promoção da educação ou promoção
profissional. Mas por que isso está ocorrendo? São respostas complexas, e que
não podem ser respondidas facilmente.
A escola está agonizando e junto com ela
o professor está entrando em sofrimento.
Em uma breve relação de fatos podemos começar com a falta de limite dos
alunos, que provêm de meios diversos, onde este meio em que vivem influenciam com
muito impacto em nossos alunos. Crianças que chegam as escolas sem limites,
violentos, abusados, drogados, com problemas cognitivos e de desenvolvimento,
sem estrutura ou apoio familiar. Sendo muitas vezes o alvo real o descaso
familiar com a criança os geradores e reforçadores tais comportamentos.
Muitos educadores têm sentido “na pele”
o que é a violência dentro das escolas, muitos são agredidos verbal e
fisicamente. É grande a porcentagem de professores que está fora de sala de
aula por causa deste tipo de trauma. Está designado ao mestre, neste século,
não somente ser mediador e ensinar, mas, também, educar. E quando falamos em
educar é no sentido literal da incumbência que seria da família, tal como dar
os limites já mencionados, ensinar a criança a respeitar para ser respeitado,
lidar com frustrações e toda uma gama da educação que cabe a família.
Todos estes fatos são muito impactantes,
pois o professor lida com isto diariamente. E isso é preocupante ao extremo,
pois estes confrontos entre o querer fazer e o não poder estão nos desencorajando.
“É
minha hipótese que o sofrimento dos professores, as suas queixas frequentes
quanto ao insuportável trabalho docente e, no limite, o seu adoecimento
expressam, sintomaticamente, a situação de abandono em que se encontra a
escola; sugerem uma certa desistência da educação enquanto projeto de
preparação de crianças e jovens para que encontrem o seu lugar no mundo adulto.
Desistindo da realização do projeto educativo, os professores, na verdade,
estariam se demitindo de sua posição de educador e, em
decorrência, renunciando ao ato educativo. Cláudia Murta, 2002. s/p.
O trabalho docente se torna
cansativo e obrigatório, também por causa do descaso das autoridades, dos
governos dos estados, que não dão o justo valor ao serviço do professor. Não é
pago um salário justo e digno, e na atual conjuntura do nosso estado, nem mesmo
os salários em dia. A sobrecarga de serviço é enorme, e a compensação é quase
nula. É dito que o professor tem regalias e ganha até mesmo para trabalhar em
casa. Sabemos que esta compensação financeira está aquém das necessidades
destes indivíduos. Os salários não estão compensando o alto desgaste físico,
emocional que o professor vem enfrentando.
As escolas estão sucateadas, sem
apoio financeiro dos órgãos públicos, a verba da merenda é medíocre e nos
perguntamos como podem crianças carentes aprenderem com fome. É nosso
testemunho fiel que muitos alunos recebem, na merenda, três ou quatro bolachas
no turno.
Os professores tentam exaustivamente
colocar seus projetos em andamento, mas sem apoio, nem sempre podem comprar com
sua verba material para dar aos alunos. Por mais criativos que sejam, em algum
momento são necessários alguns itens que a escola não possui. Vivemos a
realidade onde as escolas não têm verba para a merenda e muito menos para lápis
de escrever e folhas de ofício. Material básico em qualquer escola.
A cada dia, o professor enfrenta
trabalhos Herculanos, insiste, prossegue, mas a que custo? Emocional! Financeiro! Profissional! Vai aos poucos
abandonando suas convicções. Vai desassistindo seus alunos, tenta ser
resiliente, mas as dificuldades custam a ser superadas e vamos pouco a pouco
vendo colegas desistirem de educar. Não podemos censurá-los, pois quantas vezes
já não pensamos em desistir e fazer algo diferente.
Referências bibliograficas:
Murta, Cláudia - intitulado Magistério e sofrimento psíquico:
contribuição para uma leitura psicanalítica da escola. Publicado nos Anais do
3º. Colóquio do LEPSI/FE-USP, São Paulo em 2002. s/p.
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