sábado, 1 de outubro de 2016

Mal estar docente.



DENISE EGÍDIO DOS SANTOS GHIORZI
ROSANGELA LA REGINA LIESENFELD

SEMINÁRIO INTEGRADO IV


 MAL ESTAR DOCENTE 


 MAL-ESTAR
substantivo masculino
1.    1.
sensação desagradável de perturbação do organismo; indisposição que não chega a configurar doença; incômodo, indisposição.
2.    2.
estado de inquietação, de aflição mal definida; ansiedade, insatisfação.
"m. social"



            É com consternação que escrevemos este texto. Antes de analisarmos o MAL ESTAR DOCENTE, pesquisamos o que seria  “mal estar” (vide acima). Nós fazemos parte do grupo que se encaixa em 2.2 onde diz: estado de inquietação, de aflição mal definida; ansiedade, insatisfação”. Estamos nos sentindo inseguras da escolha de sermos docentes, realmente incomodadas com a atual situação do professor, das escolas, dos alunos e o descaso do governo.
            Nos defrontamos diariamente com o desestímulo, muitas vezes deixando de lado nossos projetos e ambições, sejam elas da promoção da educação ou promoção profissional. Mas por que isso está ocorrendo? São respostas complexas, e que não podem ser respondidas facilmente.
A escola está agonizando e junto com ela o professor está entrando em sofrimento.  Em uma breve relação de fatos podemos começar com a falta de limite dos alunos, que provêm de meios diversos, onde este meio em que vivem influenciam com muito impacto em nossos alunos. Crianças que chegam as escolas sem limites, violentos, abusados, drogados, com problemas cognitivos e de desenvolvimento, sem estrutura ou apoio familiar. Sendo muitas vezes o alvo real o descaso familiar com a criança os geradores e reforçadores tais comportamentos.
Muitos educadores têm sentido “na pele” o que é a violência dentro das escolas, muitos são agredidos verbal e fisicamente. É grande a porcentagem de professores que está fora de sala de aula por causa deste tipo de trauma. Está designado ao mestre, neste século, não somente ser mediador e ensinar, mas, também, educar. E quando falamos em educar é no sentido literal da incumbência que seria da família, tal como dar os limites já mencionados, ensinar a criança a respeitar para ser respeitado, lidar com frustrações e toda uma gama da educação que cabe a família.
Todos estes fatos são muito impactantes, pois o professor lida com isto diariamente. E isso é preocupante ao extremo, pois estes confrontos entre o querer fazer e o não poder estão nos desencorajando.

“É minha hipótese que o sofrimento dos professores, as suas queixas frequentes quanto ao insuportável trabalho docente e, no limite, o seu adoecimento expressam, sintomaticamente, a situação de abandono em que se encontra a escola; sugerem uma certa desistência da educação enquanto projeto de preparação de crianças e jovens para que encontrem o seu lugar no mundo adulto. Desistindo da realização do projeto educativo, os professores, na verdade, estariam se demitindo de sua posição de educador e, em decorrência, renunciando ao ato educativo.  Cláudia Murta,  2002. s/p.

            O trabalho docente se torna cansativo e obrigatório, também por causa do descaso das autoridades, dos governos dos estados, que não dão o justo valor ao serviço do professor. Não é pago um salário justo e digno, e na atual conjuntura do nosso estado, nem mesmo os salários em dia. A sobrecarga de serviço é enorme, e a compensação é quase nula. É dito que o professor tem regalias e ganha até mesmo para trabalhar em casa. Sabemos que esta compensação financeira está aquém das necessidades destes indivíduos. Os salários não estão compensando o alto desgaste físico, emocional que o professor vem enfrentando.
            As escolas estão sucateadas, sem apoio financeiro dos órgãos públicos, a verba da merenda é medíocre e nos perguntamos como podem crianças carentes aprenderem com fome. É nosso testemunho fiel que muitos alunos recebem, na merenda, três ou quatro bolachas no turno.
            Os professores tentam exaustivamente colocar seus projetos em andamento, mas sem apoio, nem sempre podem comprar com sua verba material para dar aos alunos. Por mais criativos que sejam, em algum momento são necessários alguns itens que a escola não possui. Vivemos a realidade onde as escolas não têm verba para a merenda e muito menos para lápis de escrever e folhas de ofício. Material básico em qualquer escola.
            A cada dia, o professor enfrenta trabalhos Herculanos, insiste, prossegue, mas a que custo? Emocional!  Financeiro! Profissional! Vai aos poucos abandonando suas convicções. Vai desassistindo seus alunos, tenta ser resiliente, mas as dificuldades custam a ser superadas e vamos pouco a pouco vendo colegas desistirem de educar. Não podemos censurá-los, pois quantas vezes já não pensamos em desistir e fazer algo diferente.





Referências bibliograficas:
 Murta, Cláudia -  intitulado Magistério e sofrimento psíquico: contribuição para uma leitura psicanalítica da escola. Publicado nos Anais do 3º. Colóquio do LEPSI/FE-USP, São Paulo em 2002. s/p.




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