quarta-feira, 11 de maio de 2016

A luta dos Surdos

Após ler o artigo " Em defesa da escola bilíngue para surdos: a história de lutas do movimento surdo brasileiro" de Ana Regina Campello e Patrícia Luiza Ferreira Rezende, me dei conta das dificuldades que estas pessoas enfrentam no seu dia a dia.  Escutar não lhes faz falta, pois nunca escutaram, mas necessitam se comunicar e ser ouvidos em suas reivindicações. Enfrentam percalços e restrições  no referente a políticas sociais voltadas aos surdos. A difícil jornada  passa por inúmeras questões como:  A negação ao direito de escolher a educação que melhor atende os surdos, o fechamento de escolas especializadas, a total negligência das autoridades competentes para entender as necessidades e anseios de alunos surdos. A difícil manutenção de ambientes que favorecem seu desenvolvimento.
Outro fator que chamou minha atenção, no texto, e a diminuição drástica de matrículas dos alunos em escolas especializadas para surdos e o  fechamento de muitas instituições,  o aumento de matrículas em escolas públicas. Sabemos que a inclusão no Brasil é "para inglês ver". Exemplo: Como um professor, formado há alguns anos, que tem em seu currículo um semestre de Libras vai conseguir se comunicar com uma criança surda de modo satisfatório, onde a criança no decorrer desta transição e adaptação possa manter um  "diálogo" mínimo com seu professor e que acompanhe a turma no que se refere a alfabetização em Português e conteúdos do programa. Até este processo se estabelecer, se for possível, muito tempo e energia serão necessários. O aluno e professor poderão até ficar desmotivados pelo tempo que será necessário para uma inclusão. Como professora me sentiria frustada ao não entender as necessidades do meu aluno. Imaginem, então, o primeiro dia, em que o aluno somente veria minha boca abrir e fechar, sem nada entender, ou quanto tempo eu levaria para me acostumar a não falar de costas para este aluno, entre diversas situações que poderiam acontecer até se estabelecer uma comunicação mínima. Ao meu ver as escolas especializadas para surdos não são segregacionistas, como alguns citam, mas tem em seu papel alfabetizar utilizando uma linguagem bilíngüe, onde a identidade linguística da comunidade de surdos é entendida. Aprender Português e Libras não é segregação, mas uma opção realista para a comunicação dos surdos. Os semelhantes se unem, porque  tanta resistência das autoridades que isto aconteça de maneira tranquila e segura para surdos e seus familiares. Imaginem a  pavor de uma mãe acostumada a levar seu filho(a) a  uma escola especializada, tendo que deixá-lo em uma escola onde o mesmo não é entendido. Para o  concluir, cito trecho do texto:
[...] As crianças surdas precisam ser incluídas primeiramente através da língua e da cultura mais apropriada antes de serem incluídas nas diferentes áreas da vida em estágios posteriores, por exemplo, no ensino médio e superior, bem como na vida profissional. O apoio dos pares é necessário. (ONU, 2011)

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